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"A ALMA É ESCRAVA DA NATUREZA ERRANTE QUE A OCUPA..."
by me

...é engraçado a força que as coisas parecem ter...quando elas precisam acontecer!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

VIVER É PERIGOSO!


Viver é perigoso mesmo! Guimarães Rosa tinha razão quando deu o alerta. E há os incautos que não acreditam ou ignoram a verdade terrível. Entusiasmado com o presente (de grego?) do livre-arbítrio, o homem sente-se senhor de sua existência. E os alçapões? E os impasses? Antes de levar a primeira lambada do látego da vida, ele acredita nos mitos, nas promessas, nas boas intenções. Após a primeira esfrega, tudo são dúvidas.

Então pra que servem as crenças se elas são dispensadas diante dos impasses angustiantes de nossas vidas?


Ora, na vida os problemas são muito mais complexos. Primeiro vêm os mistérios metafísicos. O que há depois? Como será a passagem? Morte é bilhete sem volta? Passa-se após, lá pelos vinte anos, por perquirições completas, nas possibilidades, nas esperas angustiantes. A realidade não compete jamais com o sonho. Este é perfeccionista, detalhado, lírico, belo. É difícil assimilar o belo com o momentâneo realista, um mediterrâneo de pólvora salgada que degustamos por não ter mais o que comer, a dualidade que não conseguimos projetar diante de tantas indiferenças, de tantos desgastes subumanos . Há tanta solidez em nós, parece que tudo perdeu seu estado aéreo, sublime, pra tornar-se pesado, denso...Tragédias chamam mais nossa atenção nas mídias informativas, mesmo sendo presumíveis...


Indústria da fome, do desemprego, da corrupção!??
Da evasão do medo!!?


A vida, ávida, deliberada e transgressiva nos invade com a mesma fúria que nos distanciamos dela...Correr é ser perseguido! Ela é rude, prática, cheia de obstáculos, desmistificação de nossas verdades intocáveis. A quem se queixar? Não há guichê de reclamações, nem manual de instruções. Os resultados nunca dependem só de você. Por Deus, viver deveria ter uma compensação por insalubridade! Doenças inesperadas, micróbios, vírus, vícios que subjugam, caminhos sem volta – a vítima paga com juros altos o erro cometido e nunca resgata o título. Amores pretensamente eternos tornam-se meros episódios efêmeros, deixando cicatrizes indeléveis. Planos perfeitos – profissionais, financeiros, futuro dos filhos – que de repente, distorcem-se, desvirtuam-se, mudam de rota, pegam ínvios desvios, acabam em fracassos.


São guerras inesperadas, dos outros, ou nossas, tentações, traições, pedras nos caminhos e até quedas, denotativamente falando, derrubam-nos, provocando hematomas nas carnes e/ou no orgulho ferido. Há espíritos malvados ou brincalhões achincalhando nossa luta?


Ainda assim precisamos cair e levantar constantemente para aprendermos a forma mais correta de direcionar nossos pés, nossos passos e carimbar nossas metas com o suor que alinha o horizonte benevolente que nos seduz.


O tropeço torna-se então a prevenção da queda...


Às vezes, no Grande Processo, hasteia-se a bandeira branca: manhãs frescas e azuis, pores-do-sol de encantamento, encontro inesperado com o amigo querido, momentos agradáveis, raras surpresas boas. O ser humano tenta ser otimista. No meio da procela, bastam alguns minutos de bonança, ei-lo feliz, acha que tudo vale a pena. Tem amnésia constante, esquece-se do sádico processo e acredita na mudança de porcentagem... coisas melhores virão. É mau aluno de História.


Talvez o leitor deteste a lucidez dessa análise realista (sim! E não pessimista ou niilista), mas terminar a digressão é preciso. Num mundo onde a vaidade transborda alienação e soberba, faz-se necessário desmistificar os extremos que alternamos para digerirmos também as forças opostas que tentam resgatar-nos para agregar o equilíbrio, e não para enaltecer ou rebaixar-nos.


Tudo torna-se incongruente sem alinhamento e ostentação. Nem é preciso apelar para a literatura e/ou para livros de ficção científica. Quando se criam mundos perfeitos demais, junto a eles vem o tédio, o desinteresse, ou quando surge negativismo demais agregam o desespero, a guerra, o ódio. A prova cabal é o número altíssimo de suicídio em países evoluídos, do Primeiro Mundo, com economia estável, sem meninos de rua, mendigos, prostituição infantil tão abundante, fome, nível altíssimo de desemprego, PT, dengue, MDT, uma das piores Educações do mundo, analfabetismo. Parece que o inferno é aqui, lá é o Éden. No entanto, os brasileiros suicidam-se menos. Dinheiro traz sustentabilidade, mas não felicidade!


Não digo que haja necessidade de contentarmos-nos com fome, miséria e tantas outras desgraças, mas lutar por melhorias, não através da força, ou processos agressivos e tumultuosos, e sim através da humanidade que ainda há em cada um de nós; essa humanidade que gera reflexão, compreensão, onde em meio à tantas tréguas ainda nos garante adaptação aos meios mais conturbados...


Nunca o ser – humano precisou tanto do outro como nos dias de hoje! Levamos e resgatamos do nosso semelhante a válvula primordial de vida que nos reabilita e fortalece...


Uma das respostas viáveis às perquirições salta-nos à vista, hipótese possível. São as dificuldades, os percalços, o suor da luta, os impasses, doida mistura, tudo é que dá o tempero do sentido da vida, eis aqui o nosso samba!!!



Patrícia Nardo

3 comentários:

blablbalbalbalba disse...

Oohhh Patiççaa de Blogueee! ehuhsaeuah bem legal!!! soh acho q poderia seguir com um soh estilo de fonte..... bjãooo

PATY disse...

ahuhau... verdade... to apreindeindu a manusear isso aqui ainda....hahaha

Diego Luis Bueno Boranga disse...

o menina.
sempre exata nas palavras que escreve.
fico feliz por sua veia artistica ser do tamanho de uma artéria. realemnte vc é um ser iluminado pelo senhor das artes, pouco tem tamanha sensibilidade, tato e sentimentos para ver as coisas do prisma que vc observa.
parabens e continue nesse caminho, que poucos sabem o valor que tem, mas com certeza que sem ele nos nao viveriamos.