Dé la bienvenida a mi amigo y los nuevos amigos son este mi mundo

"A ALMA É ESCRAVA DA NATUREZA ERRANTE QUE A OCUPA..."
by me

...é engraçado a força que as coisas parecem ter...quando elas precisam acontecer!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

NAVEGANTES


Navegamos constantemente

nas marés emergentes que corrompemos uns dos outros...

São ondas teimosas e gigantes que atravessam todo o corpo,

e irrigam a alma num limiar solene e transparente.



Travam nossa lembrança

neutralizando tudo o que dói e vaga sem rumo.

Pra acompanhar num mesmo movimento e sincronia,

as águas que se apartam depurando o azul que com o céu competem...


Cheios de movimentos tornamo-nos uma lúcida unidade!

A nascente do rio que abraça o mar,

ambos distintos no seu sabor...,


mas destinados à se afogar!



by Patyça

terça-feira, 22 de julho de 2008

DESAPEGO


"Se soubesses em que me encerro;
todo esse excesso de mim!
À muito me carrego...
Não sei se tenho começo
ou fim..."

by Patyça

Olhar incansável sobre o mundo II



Há folhas secas ,

tropeçando naquela calçada.


Há silêncio tão triste,


que me aflige , que me guarda.



Em tudo aquilo que penso, sinto e ouço,



Me mostra o olhar do outro...É tão singela e verdadeira,


É tão triste que chateia. Seus olhos dizem tudo,



Dizem à mim e ao mundo!


Minha mente guarda meus sentimentos,


mas meu olhar ,transmite minhas dores, sofrimentos...



Essa janela sempre ao se abrir,


Não há como escapar! Não há como fugir!



Feche-se agora janela que eu quero dormir,


pois os sentimentos dela


Não quero mais sentir...



Patrícia Nardo

ALFABETO DE IMPRESSÕES



Encontro extensivas idéias qualitativamente subjulgadas no meu vácuo existencial.
Neutralizo a fragilidade das palavras que me recompõe..., norteio a variabilidade que ostentam em suas demasiadas formas de estruturar-se e carrego uma expectativa do novo fragmentado de ideais.
Junto, separo, divido, somo, sumo, permaneço...
Esses vulcões essenciais perplexos relutam minha tentativa de expandir a essência humana nesse cálice permanente de sintomas febris e contundentes- paralelos da realidade vivida e criada.
Criar é sempre fascinante! Conduzir os colápsos da momentaniedade na invenção de traduzir a vida; derramar as digitais em parágrafos de diálogos profundos e contínuos com o mundo circunstancial- labirinto fugaz que nos edificam...

A "palavra", eis o berço mágico dos compassos dispersos na sonoridade lingüística da gestão histórica que nos capta e une.
Reverberada força hostil de delirar no silêncio orbital, que separa e aproxima vogais, consoantes- abismos que ligo e construo em verbos e versos de mim mesma e conjugo...
Círculo de transferência aleatória que perdura momentos, lembranças, contratempos- performances e devaneios de tentativas e análises experimentais do que classificamos no contraste de nossas energias vitais.
Ao avesso é que me ocupo em mim...no espaço em que anoiteço não há desfecho, nem fim...Me torno a luz delirante que acende distante o farol que resgata a aura flamejante...
Conto passos à surdina e refaço-me deste composto em realeza!
Num lapso anêmico exalto o heteronômio em meu ser, escorregando nas entrelinhas a ânsia de entreter e carregar o longínquo, me deixando perder numa margem sem horizonte; levada por uma balsa, equilibrada numa ponte, no desfecho de uma luz que me carrega e se esconde...

Me torno a mais completa sozinha, e a mais sentida em o ser...
O que me liberta, também me estagna.
O que me abraça, também me estranha.

Ideais conduzo na ponta do lápis mais despercebido, na vírgula mais deslocada...longe de qualquer formalidade ou regra sugestiva e padrão, me liberto de toda conseqüência e equivalo na fórmula mais abreviada de esculpir solenidade... a inspiração que rega as pausas incessantes e ascendentes da convalente esperança... a Paciência!!!

by Patyça

segunda-feira, 21 de julho de 2008

VIVER É PERIGOSO!


Viver é perigoso mesmo! Guimarães Rosa tinha razão quando deu o alerta. E há os incautos que não acreditam ou ignoram a verdade terrível. Entusiasmado com o presente (de grego?) do livre-arbítrio, o homem sente-se senhor de sua existência. E os alçapões? E os impasses? Antes de levar a primeira lambada do látego da vida, ele acredita nos mitos, nas promessas, nas boas intenções. Após a primeira esfrega, tudo são dúvidas.

Então pra que servem as crenças se elas são dispensadas diante dos impasses angustiantes de nossas vidas?


Ora, na vida os problemas são muito mais complexos. Primeiro vêm os mistérios metafísicos. O que há depois? Como será a passagem? Morte é bilhete sem volta? Passa-se após, lá pelos vinte anos, por perquirições completas, nas possibilidades, nas esperas angustiantes. A realidade não compete jamais com o sonho. Este é perfeccionista, detalhado, lírico, belo. É difícil assimilar o belo com o momentâneo realista, um mediterrâneo de pólvora salgada que degustamos por não ter mais o que comer, a dualidade que não conseguimos projetar diante de tantas indiferenças, de tantos desgastes subumanos . Há tanta solidez em nós, parece que tudo perdeu seu estado aéreo, sublime, pra tornar-se pesado, denso...Tragédias chamam mais nossa atenção nas mídias informativas, mesmo sendo presumíveis...


Indústria da fome, do desemprego, da corrupção!??
Da evasão do medo!!?


A vida, ávida, deliberada e transgressiva nos invade com a mesma fúria que nos distanciamos dela...Correr é ser perseguido! Ela é rude, prática, cheia de obstáculos, desmistificação de nossas verdades intocáveis. A quem se queixar? Não há guichê de reclamações, nem manual de instruções. Os resultados nunca dependem só de você. Por Deus, viver deveria ter uma compensação por insalubridade! Doenças inesperadas, micróbios, vírus, vícios que subjugam, caminhos sem volta – a vítima paga com juros altos o erro cometido e nunca resgata o título. Amores pretensamente eternos tornam-se meros episódios efêmeros, deixando cicatrizes indeléveis. Planos perfeitos – profissionais, financeiros, futuro dos filhos – que de repente, distorcem-se, desvirtuam-se, mudam de rota, pegam ínvios desvios, acabam em fracassos.


São guerras inesperadas, dos outros, ou nossas, tentações, traições, pedras nos caminhos e até quedas, denotativamente falando, derrubam-nos, provocando hematomas nas carnes e/ou no orgulho ferido. Há espíritos malvados ou brincalhões achincalhando nossa luta?


Ainda assim precisamos cair e levantar constantemente para aprendermos a forma mais correta de direcionar nossos pés, nossos passos e carimbar nossas metas com o suor que alinha o horizonte benevolente que nos seduz.


O tropeço torna-se então a prevenção da queda...


Às vezes, no Grande Processo, hasteia-se a bandeira branca: manhãs frescas e azuis, pores-do-sol de encantamento, encontro inesperado com o amigo querido, momentos agradáveis, raras surpresas boas. O ser humano tenta ser otimista. No meio da procela, bastam alguns minutos de bonança, ei-lo feliz, acha que tudo vale a pena. Tem amnésia constante, esquece-se do sádico processo e acredita na mudança de porcentagem... coisas melhores virão. É mau aluno de História.


Talvez o leitor deteste a lucidez dessa análise realista (sim! E não pessimista ou niilista), mas terminar a digressão é preciso. Num mundo onde a vaidade transborda alienação e soberba, faz-se necessário desmistificar os extremos que alternamos para digerirmos também as forças opostas que tentam resgatar-nos para agregar o equilíbrio, e não para enaltecer ou rebaixar-nos.


Tudo torna-se incongruente sem alinhamento e ostentação. Nem é preciso apelar para a literatura e/ou para livros de ficção científica. Quando se criam mundos perfeitos demais, junto a eles vem o tédio, o desinteresse, ou quando surge negativismo demais agregam o desespero, a guerra, o ódio. A prova cabal é o número altíssimo de suicídio em países evoluídos, do Primeiro Mundo, com economia estável, sem meninos de rua, mendigos, prostituição infantil tão abundante, fome, nível altíssimo de desemprego, PT, dengue, MDT, uma das piores Educações do mundo, analfabetismo. Parece que o inferno é aqui, lá é o Éden. No entanto, os brasileiros suicidam-se menos. Dinheiro traz sustentabilidade, mas não felicidade!


Não digo que haja necessidade de contentarmos-nos com fome, miséria e tantas outras desgraças, mas lutar por melhorias, não através da força, ou processos agressivos e tumultuosos, e sim através da humanidade que ainda há em cada um de nós; essa humanidade que gera reflexão, compreensão, onde em meio à tantas tréguas ainda nos garante adaptação aos meios mais conturbados...


Nunca o ser – humano precisou tanto do outro como nos dias de hoje! Levamos e resgatamos do nosso semelhante a válvula primordial de vida que nos reabilita e fortalece...


Uma das respostas viáveis às perquirições salta-nos à vista, hipótese possível. São as dificuldades, os percalços, o suor da luta, os impasses, doida mistura, tudo é que dá o tempero do sentido da vida, eis aqui o nosso samba!!!



Patrícia Nardo

Confissões aos desapegos do século XX


Entrego aqui confissões de uma alma comprimida no calabouço de um mundo suspenso por reflexos, presa num corpo de idéias precisas e sentimentos frágeis...num copo emergido de lágrimas e nostalgia...Embriago-me delas até consumir a seiva que segue a morte.

Eu não queria ser assim, mas tive que viver aprendendo a respirar esse vazio insolúvel e a preencher-me dele todos os dias...

Cicatrizei minhas feridas com o veneno que me atacavam...não reconheci mais o dia, meus medos me dopavam...Devoraram meus anseios e agora os carrego numa sombra de laços e nervura...

Segurei na garganta a gota aguda de esperança, e chorei...chorei até cair diluída num poço de memórias perdidas e infortúnios gastos.

Me tornei uma coisa estúpida, maciça, opaca...minha veste pros dias frios.

Havia sol e era inverno...

Meus dentes eram mudos e atravessavam a língua, contorcendo o pescoço e a mandíbula...O nó achatado neste mundo muro apertado...faziam um labirinto oculto de vibrações aspiradas...respiração acabada...Um sonho maduro.

Cortaram um pedaço da minha sombra e logo desesperei-me...parte de minha capa protetora se apartando de mim...um estímulo triste para um dia abandonado.

Um vento frio me atingiu as entranhas... cercada de pavor e vento e pessoas... Essas me diluíam, olhavam, se apartavam, persuadiam... e eu era outra...Tive medo.

Criei calos nas mãos, nos ombros, olhos , ossos e bolhas nos pés...esqueci os gestos... Costurei sapatos nas mãos e tateei meus passos...não me mexia...Um controle remoto segurou minhas mãos frias, e eu era a pausa interrompida e imprecisa sinalizando vãos...Mãos involuntárias e destemidas...

Absorvo a criação e sou a coisa criada... assimilo isso... ou, então, nada.

Me espero, me espelho, me observo e vago flutuante...O olhar cheio de descontentamento é almirante...Enquanto não chego, me ocupo na margem sem erro, sem abraço...me seguro nos dedos descuidados cheios de nervos comprimindo no próprio braço o calor humano...

Me absorvo e imprimo num parágrafo morto... sou a anestesia... a droga manipulada que atormenta e alivia...

Meu silêncio suga a carne fria...

Me recria...

O ser humano não têm posse sobre a vida...sem SER 'humano', tudo o que nele vive se aniquila e não sobrevive...

Mudo constantemente...já não sei onde estou...já sou o braço quente... a saudade que ficou... o pedaço da semente...as mãos atiradas ao céu buscando a partida... despeço-me da despedida...parto sem ausência... Já não sei mais quem me levou!

Patrícia Nardo