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"A ALMA É ESCRAVA DA NATUREZA ERRANTE QUE A OCUPA..."
by me

...é engraçado a força que as coisas parecem ter...quando elas precisam acontecer!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Confissões aos desapegos do século XX


Entrego aqui confissões de uma alma comprimida no calabouço de um mundo suspenso por reflexos, presa num corpo de idéias precisas e sentimentos frágeis...num copo emergido de lágrimas e nostalgia...Embriago-me delas até consumir a seiva que segue a morte.

Eu não queria ser assim, mas tive que viver aprendendo a respirar esse vazio insolúvel e a preencher-me dele todos os dias...

Cicatrizei minhas feridas com o veneno que me atacavam...não reconheci mais o dia, meus medos me dopavam...Devoraram meus anseios e agora os carrego numa sombra de laços e nervura...

Segurei na garganta a gota aguda de esperança, e chorei...chorei até cair diluída num poço de memórias perdidas e infortúnios gastos.

Me tornei uma coisa estúpida, maciça, opaca...minha veste pros dias frios.

Havia sol e era inverno...

Meus dentes eram mudos e atravessavam a língua, contorcendo o pescoço e a mandíbula...O nó achatado neste mundo muro apertado...faziam um labirinto oculto de vibrações aspiradas...respiração acabada...Um sonho maduro.

Cortaram um pedaço da minha sombra e logo desesperei-me...parte de minha capa protetora se apartando de mim...um estímulo triste para um dia abandonado.

Um vento frio me atingiu as entranhas... cercada de pavor e vento e pessoas... Essas me diluíam, olhavam, se apartavam, persuadiam... e eu era outra...Tive medo.

Criei calos nas mãos, nos ombros, olhos , ossos e bolhas nos pés...esqueci os gestos... Costurei sapatos nas mãos e tateei meus passos...não me mexia...Um controle remoto segurou minhas mãos frias, e eu era a pausa interrompida e imprecisa sinalizando vãos...Mãos involuntárias e destemidas...

Absorvo a criação e sou a coisa criada... assimilo isso... ou, então, nada.

Me espero, me espelho, me observo e vago flutuante...O olhar cheio de descontentamento é almirante...Enquanto não chego, me ocupo na margem sem erro, sem abraço...me seguro nos dedos descuidados cheios de nervos comprimindo no próprio braço o calor humano...

Me absorvo e imprimo num parágrafo morto... sou a anestesia... a droga manipulada que atormenta e alivia...

Meu silêncio suga a carne fria...

Me recria...

O ser humano não têm posse sobre a vida...sem SER 'humano', tudo o que nele vive se aniquila e não sobrevive...

Mudo constantemente...já não sei onde estou...já sou o braço quente... a saudade que ficou... o pedaço da semente...as mãos atiradas ao céu buscando a partida... despeço-me da despedida...parto sem ausência... Já não sei mais quem me levou!

Patrícia Nardo

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